quarta-feira, 27 de abril de 2011

Região Metropolitana do Recife, desenvolvimento com qualidade de vida


Por Márcio Saraiva
Setorial de Transportes PT/PE

Lembro que nos prelúdios do Porto de Suape fui designado para acompanhar uma missão japonesa que veio conhecê-lo e depois sondar o real suporte do governo central ao projeto local – eles só se envolveriam caso vislumbrassem o apoio de Brasília aos anseios de Pernambuco.  Num papo informal (em inglês, naturalmente) comentou um deles comigo: “no Japão um porto como esse já teria sido construído!” E acrescentou que Suape levaria algo em torno de 25 anos para maturar. E quando saboreamos um peixe frito com uma cervejinha numa palhoça de pescadores a beira-mar, ele disse “vocês é que são felizes!” Vejam só o desabafo de alguém que representava o mundialmente invejado modelo de desenvolvimento/eficiência gerencial da época. Pois esse é o tom dessa matéria sobre o progresso atual da Região Metropolitana do Recife (RMR).

Principais obras/ações em andamento e suas consequências:
a)      Obras/ações: Minha Casa Minha Vida (PACS I e II) e a forte retomada da construção civil de modo geral; a Refinaria Abreu e Lima, a Petroquímica (PTS), os estaleiros (três) e a montadora (FIAT) em Suape; a urbanização de área entre os armazéns 9 e 14, incluindo o Memorial Luiz Gonzaga e o novo Terminal Marítimo de Passageiros, no Porto do Recife (que lembra a do Porto Madero em Buenos Aires sem a inclusão do Navio Cassino);  o Projeto Imobiliário do Cais de Santa Rita; o complexo do Estádio de Futebol em São Lourenço da Mata para a Copa de 1914 e a Via Mangue. São bilhões e bilhões de reais sendo investidos em curto prazo.
b)      Conseqüências: mais empregos, aumento da renda, todo mundo querendo imóvel (especulação e atendimento de moradia para a mão de obra importada) e cobrança de mais agilidade do governo – falam até num tipo Expresso Cidadão para acelerar o desembaraço de imóveis; pressão na qualificação profissional, na infraestrutura, nos serviços e preços; a necessidade da melhoria do Transporte Urbano e o desenvolvimento do espaço Oeste da RMR em decorrência das obras da Copa.

Como num sopro mágico (após o fenômeno Lula) a RMR transformou-se num enorme canteiro de obras!  Que beleza! Entendo que o desenvolvimento induzido - defendido por aqui desde a época do Celso Furtado - é um instrumento natural na construção do equilíbrio regional. Entretanto, no caso específico da RMR que envolve um enorme fluxo de capital, prazos reduzidos e significativa concentração espacial dos investimentos, é preciso um macro ajuste político/administrativo (Estado/Municípios envolvidos) para lidar com essa abundância. São desafios desse processo: moldar cenários da RMR adequados para a nossa sociedade e ampliar a infraestrutura local aquecida com as novas demandas. Mas não podemos esquecer a internalização dos efeitos positivos dos investimentos em curso e o “peixe frito”, bens comuns que constituem a essência da felicidade individual e coletiva: a biodiversidade, a qualidade de vida, o ir e vir, as coisas simples e a preservação da cultura tão expressiva do nosso povo.

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