Por Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal do Recife
http://www.recife.pe.leg.br/noticias/uso-de-bicicleta-como-transporte-e-debatido-na-camara/
Para discutir as alternativas que possam articular
a bicicleta dentro do sistema público de transporte, a Comissão de Mobilidade e
Acessibilidade da Câmara Municipal do Recife realizou audiência pública na manhã
desta quinta-feira, 3. Foi a quinta, de uma série de sete reuniões, que a
comissão vem realizando antes da elaboração do relatório para o projeto de lei
que cria o Plano de Mobilidade do Recife. “Não se trata de um plano do Poder
Executivo, nem do Legislativo, mas da cidade do Recife. É por isso que estamos
realizando todas as semanas uma audiência com os mais diversos segmentos.
Queremos ouvir o povo e os especialistas, com o objetivo de enriquecermos o que
está sendo debatido nesta casa’, afirmou o vereador Gilberto Alves (PTN),
presidente da comissão.
A audiência pública foi para debater exclusivamente o uso da biclicleta como
transporte e a criação de um sistema cicloviário na cidade do Recife. Usuários
de bicicleta e um grupo que realizada bicicletadas sempre nas últimas
sextas-feiras do mês compareceram ao plenarinho, onde ocorreram os debates. Os
vereadores Jurandir Liberal (PT), presidente da Câmara Municipal; Alexandre
Lacerda (PRTB), Josenildo Sinésio (PT) e Romildo Gomes (PSD) também estiveram
presentes. Fizeram parte da mesa de debates o presidente do Instituto Pelópidas
Silveira, Milton Botler; o coordenador do Programa Ciclovias nas Cidades, da
Secretaria Estadual das Cidades, Marcelo Bione e o arquiteto César Barros, autor
do Projeto Biciclofrescas, que propõe um compartilhamento das vias.
Coordenador do Plano de Mobilidade, que está tramitando na Câmara Municipal
do Recife, Milton Botler foi o primeio a falar. Ele afirmou que a rede de
ciclovias existente na cidade tem apenas 20 quilômetros e que o plano identifica
a necessidade de instalar essas redes nos cursos d’água, à margem dos rios.
“Eles seriam os corredores ecológicos urbanos, que acrescentariam 74 quilômetros
de ciclovias à cidade”, disse. As ciclovias também estão previstas nos
corredores de ônibus do Recife (mais 120 quilômetros), em ciclofaixas (outros
156 quilômetros) e nas ciclo-rotas (74 quilômetros na segunda perimetral). A
rede completa totalizaria 424 quilômetros.
O arquiteto Marcelo Bione apresentou o Programa Ciclovias nas Cidades, da
Secretaria Estadual das Cidades. “É um programa estadual de incentivo ao uso da
bicicleta. Ele existe desde 2010 e as ações serão implementadas junto às
prefeituras da Região Metropolitana. Ele será implantado nos corredores
Norte-Sul, Leste-Oeste, na BR-101, Vila Naval e no ramal da Copa”, garantiu. O
programa contempla a implantação de 105 quilômetros de ciclovias (vias para
bicicletas, separadas do fluxo de carro) e bicicletários (estacionamentos de
bicicletas) nos 25 terminais integrados de passageiros da Região Metropolitana.
O ramal da Copa, entre Recife e São Loirenço da Mata, está sendo construído com
este planejamento.
Em seguida, falou o arquiteto César Barros. Ele apresentou o Projeto
Ciclofrescas, de sua autoria, que se propõe a redimensionar as vias existentes,
implantação de ciclovias em todas as vias da Região Metropolitana do Recife, com
sinalizações (placas e pinturas no chão) e plantio de árvores. “Serão 107
quilômetros de ciclovias, nos principais corredores, interligando Olinda,
Paulista, Abreu e Lima, Camaragibe, São Lourenço da Mata, Jaboatão dos
Guararapes e Recife. No Recife, ficaria conectado ao centro expandido”,
esclareceu. Segundo ele, o projeto é de baixo custo e de implantação imediata.
Ao contrário dos técnicos dos órgãos oficiais, César Barros não faz a distinção
entre ciclofaixas (faixas exclusivas para bicicletas, ao lado da dos carros) e
ciclovias (faixas separadas da dos carros). Todas, para ele, são ciclovias e as
bicicletas necessariamente teriam que compartilhar as faixas com os carros.
O presidente da Câmara Municipal do Recife, Jurandir Liberal, lembrou a lei
número 17.694/2011, que dispõe sobre a criação do Sistema Cicloviário no
Município do Recife. O sistema, segundo a lei, será formado por rede viária para
o transporte de bicicletas, integrada por ciclovias, ciclofaixas, faixas
compartilhadas, rotas operacionais de ciclismo e locais específicos para
estacionamento (bicicletários e paraciclos). “Serão 420 quilôemtros de vias, com
ciclofaixas e ciclovias. Mas, a implementação depende do Poder Executivo. É
preciso que se faça valer a legislação em vigor”, afirmou o vereador.
O vereador Alexandre Lacerda, que usa bicicleta e foi coautor da lei
17.694/2011, lamentou a situação das ciclovias do Recife. “O que existe é pouco
e ainda está muito maltratada”, denunciou. Segundo ele, o uso da bicicleta
significa uma quebra de paradigma, pois a população recifense tem a cultura do
uso do carro próprio. “Uma política pública eficiente iria estabelecer vias
exclusivas para bicicletas, protegidas dos automóveis”, afirmou. Outro item, em
seu entender, seria o fortalecimento do transporte público, desestimulando o uso
dos carros. “Os ônibus teriam que ser fiscalizados, para oferecer mais segurança
e conforto”, afirmou.