quarta-feira, 17 de abril de 2013

Frente LGBT na mira de evangélicos



Proposta de Osmar Ricardo e Jayme Asfora é condenada pela bancada evangélica na Câmara, que procurou desqualificar a necessidade de criação do colegiado

Publicado em 17/04/2013, às 07h01

Carolina Albuquerque

Vereadores evangélicos fizeram discursosnessa terça-feira, na Câmara do Recife, para desqualificar a necessidade da criação de uma nova Frente Parlamentar LGBT. Na esteira da polêmica nacional com o deputado federal, pastor Marco Feliciano (PSC-SP), à frente da Comissão de Direitos Humanos, o tema tem ganhado holofotes na tribuna local. É a segunda vez que os vereadores protagonizam um embate acirrado, no qual o que sobram são argumentos religiosos, por parte da bancada evangélica, apesar de o espaço ser constitucionalmente laico.

O projeto de resolução para criação da Frente foi apresentado à Casa pelo vereador Osmar Ricardo (PT), em parceria com Jayme Asfora (PMDB). Não é novidade para a Câmara Municipal, porém, a existência de uma Frente em defesa dos direitos LGBT. A iniciativa foi aprovada na legislatura passada.
De início, os vereadores evangélicos presentes tentaram arguir que a criação da Frente não era necessária, já que existe a Comissão de Direitos Humanos para tratar do tema. Mas os argumentos religiosos saltaram aos olhos. “Acho desnecessária, tem muitos outros assuntos importantes, não que esse não seja. Essa questão (os direitos LGBT) é muito pequena, porque Direitos Humanos não é só isso, tem muitas outras ações a serem debatidas”, defendeu Michelle Collins (PP), também vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos. Em outra ocasião, ela se colocou contra a permissão de adoção por casais homoafetivos.
Em resposta, Osmar ponderou que esse “não é um debate pequeno e precisa de atenção”. Reforçando, Jayme Asfora (PMDB) lembrou que fóruns de discussão permanentes sobre o tema existem em outras casas legislativas, inclusive a Federal. A vereadora Aline Mariano (PSDB), que pela segunda vez preside a Comissão de Direitos Humanos, disse à reportagem que as frentes são criadas independentemente das comissões e tem o intuito de dar um foco maior à bandeira.
Contra a proposição, a vereadora irmã Aimée (PSB) chegou a comparar a homoxessualidade ao vício do crack. “Nenhum médico leva o bebê a sua mãe e diz que ele é homossexual, porque isso é comportamental. Levando também para o lado bíblico, é abominável aos olhos de Deus. Esse tipo de sexo é uma obsessão e torna-se um vício, como um vício da droga, do crack.” André Ferreira (PMDB) alegou que “essas pessoas” não são descriminadas. “Não podemos criar uma superproteção a um segmento que não é legitimado pela palavra do Senhor”. O vereador petista Jurandir Liberal rebateu as críticas da bancada evangélica, classificando as resistências ao projeto como “atrasadas”.

Fonte: Jornal do Commercio

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