Em 04.05.2011
Oposição põe governistas no bolso
Ana Luiza Machado
Manobra da bancada de oposição na Câmara de Vereadores do Recife, adia, mais uma vez, votação da reforma administrativa
Na Câmara do Recife, mais uma vez os governistas são vencidos pela minoritária oposição, composta por apenas oito dos 37 vereadores. A estratégia dos vereadores aliados ao prefeito João da Costa (PT) de pedir vistas ao projeto da reforma administrativa, para tentar dar celeridade, deu errado e os oposicionistas, como na semana passada, conseguiram adiar por mais cinco dias a votação da matéria.
Quando o projeto entrou no extra pauta, o vereador Luiz Eustáquio (PT) correu ao microfone e solicitou vistas. A vereadora Vera Lopes (PPS), integrante da bancada da oposição, também estava na fila para fazer o mesmo pedido, mas, pelo regimento interno, só cabia mais uma ação individual neste sentido. Nesta hora, a líder da oposição, Priscila Krause (DEM), interveio desafiando a mesa a mostrar onde consta no regimento a limitação do pedido de vistas coletivo. E, com isso, exigiu que a mesa concedesse a análise em conjunto.
A partir daí, iniciou-se um bate-boca entre a democrata e o presidente da Casa, Jurandir Liberal (PT). “Antes da abertura da sessão, perguntei ao senhor se a matéria iria entrar na pauta e o senhor disse que estava avaliando. Três minutos depois, decidiu e os governistas chegaram primeiro. Eu não quero crer que tenha agido de má fé. Não vou admitir que trate de forma arbitrária a oposição independente de sermos oito ou apenas um”, reclamou Priscila, revoltada.
Quando ela já havia anunciado à imprensa que entraria com uma medida judicial pelo não cumprimento do regimento,a mesa decidiu conceder “vistas a todos os que coletivamente desejassem”. “Todo mundo sabe que eles não querem melhorar a matéria, o que querem é procrastinar. E não há argumento que faça a oposição agilizar. É uma questão política”, avaliou Eustáquio.
O pedido de vistas coletivo leva o nome de Eustáquio, Inácio Neto (PT), Vera Lopes e Aline Mariano (PSDB). Eles têm o prazo máximo de cinco dias para analisar e devolver o projeto. Liberal apostou mais uma vez que a votação sairá antes do dia 15. A líder Priscila Krause, no entanto, ainda pode brigar para que o projeto do Executivo volte para as comissões, como determina o regimento.
Enquanto governistas e oposicionistas não se entendem em torno de um projeto que é importante para a cidade, a criação da secretaria Extraordinária da Copa e a reestruturação da Empresa de Urbanização do Recife não saem do papel.
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